Paulinha da Biola

UM BLOGUE INSUBMISSO, LEAL, SEM PLÁSTICAS E FRONTAL.

25.4.05

Outra Vez Eu!

OUTRA VEZ EU!

Eu que surgi do nada,
célula que gerou outras iguais,
veias que outras criou,
nasci, cresci, vivi
e estou pronta para morrer.
A lei natural da vida.
Sinto que de mim,
nunca ninguém quis saber...
saber aquilo que fui,
nem descobrir o que sou.
Mas eu,
talvez porque surgi do nada
vivo do ar.
Ar sufocante que asfixia a vida,
aquele que espalha odor
do ódio que não sinto,
o mesmo que embriaga a ternura
que não conheço,
mas sinto.
É este ar asfixiante que vai
enchendo de nada o vazio,
para que no vazio eu não viva.
Eu sou alguém,
sinto-me gente,
riu quando estou triste
e choro quando contente.
Portanto,
não estou vazia de nada
pois continuo a viver
apesar de por tudo sofrer.

Aqui neste infinito de nada,
vejo o mundo tal qual ele é.
Não me agrada,
mas é nele que me insero.
Mas se daqui é o devir,
eu, capaz de florir em nada,
tenho pouco a descobrir.
Mas, então eu...
Que sou eu?
Não sou nada.
Sou apenas
Vagabunda de estrelas que
cantando máscaras de chuva
em madrugadas de desespero
de mãos estendidas vai pedindo
justiça e não clemência.
Arquivadas na mente
da vida que é minha,
folheio páginas já amarelecidas pelo tempo
e recordo o passado,
algumas tocadas de amor,
amizade e alegria,
outras porém rasgadas pela dor
manchadas de suor e sangue...
Portanto,
que esta página de hoje encerre
o ódio que se deposita
nos outros por nada
porque se vive numa sociedade injusta
cheia de muito.